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03 / outubro
Nova pesquisa realizada pela rede internacional de contabilidade e consultoria UHY mostra que o Brasil tem uma das maiores cargas fiscais para as empresas. De todos os 21 países pesquisados, apenas Japão, EUA e França têm uma maior carga tributária corporativa que o Brasil, para empresas com lucro, antes de impostos, acima de US$ 100 milhões.
Especialistas tributários da UHY em 21 países analisaram dados corporativos calculando o lucro depois de impostos para empresas com lucro estatutário pré-impostos de US$100 mil, US$10 milhões e US$100 milhões. A pesquisa abrange todos os membros do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia) e as principais economias emergentes.
Entre os 21 países pesquisados, o Brasil lidera o ranking no caso de empresas com lucro estatutário de US$100 mil. Para empresas com lucros de US$10 milhões e US$100 milhões, a situação não é muito diferente. O Brasil figura entre os países com maior tributação, respectivamente no terceiro e quarto lugares (ver tabela abaixo), o que, sem dúvida, inibe a atração de empresas estrangeiras para o país.
Diego Moreira, diretor técnico da UHY Moreira-Auditores, representante da rede no Brasil, afirma: “É sabido que capitais estrangeiros estão vindo para o Brasil, mas uma revisão da nossa política tributária poderia certamente atrair mais investimentos internacionais que reverteriam em ganhos de produção, mais empregos e desenvolvimento. Este aspecto se somaria ao bom momento da economia brasileira com um mercado consumidor aquecido, ao contrário de países da Europa que a despeito de suas melhores condições em termos de tributação passam por uma crise acentuada”.
De acordo com os profissionais da área tributária da UHY, muitos países têm reduzido as suas taxas de tributação corporativa, em uma tentativa de alcançar maior competitividade e atrair empresas multinacionais em seus planos de expansão. Destaca-se a dificuldade de alguns países em se tornar mais atraentes para as empresas, que estão mais dinâmicas e menos limitadas pela geografia do que em qualquer época da história.
“Uma taxa fiscal mais competitiva se tornaria um atrativo para outras empresas internacionais voltarem a estabelecer sede no Brasil”, acrescenta Diego Moreira. Porém a pesquisa da UHY assinala que a taxa de imposto corporativo do Brasil é substancialmente maior do que qualquer outra nação BRIC.
Todos os 21 países pesquisados pela UHY
Os cálculos assumem que todos os ganhos e os custos excepcionais foram tomados em consideração, assim como taxas de juros, o custo de opções de ações e amortização de goodwill (patrimônio de marca). As tabelas classificam os países de maior para os de menor carga tributária.
De acordo com a UHY, considerada uma das principais redes mundiais de contabilidade e consultoria, existem atualmente enormes disparidades entre os países sobre o montante de impostos pagos pelas empresas. A carga fiscal sobre os lucros corporativos pode ser mais de três vezes maior em relação às principais economias com menor tributação – destacando quão grande é a diferença de impostos entre as economias emergentes de “imposto baixo” e a maioria das nações desenvolvidas com “imposto alto.”
John Wolfgang, presidente da UHY, comenta: “A diferença no montante de imposto que os países tiram dos lucros das empresas é bastante surpreendente. Muitos líderes de negócios ficarão chocados ao saber que, entre os países do G8, tanto os EUA e o Japão impõem maiores impostos sobre as empresas do que os países da União Europeia, como França e Alemanha, tradicionalmente vistos como economias de impostos elevados.”
“A maioria dos países não-G8 agora impõem uma taxa de tributação fixa, independentemente da quantidade de lucro gerado. A maior parte do G8 – as exceções são Alemanha, Itália e Rússia – tem modelos de imposto progressivo, com a taxa efetiva de imposto aumentando com os lucros. Isso permite ajudar empresas menores a crescer, mas isso também faz dos seus sistemas fiscais mais complexos”, afirma o presidente da rede.
“Altos impostos corporativos podem impedir o investimento empresarial e prejudicar o crescimento econômico. Durante a última década, muitos países da União Européia reduziram os impostos corporativos, deixando algumas nações do BRIC, como Brasil e Índia, com impostos surpreendentemente elevados em comparação aos europeus”, finaliza John.
A pesquisa da UHY revela que (excluindo Dubai e a Estônia, que não impõem quaisquer impostos corporativos), para um negócio com lucro de US$100 mil por ano, a diferença no montante do imposto recolhido entre o país de mais alta tributação (Brasil) e o de menor tributação (Irlanda) é US$21,5 mil. O que significa que uma empresa no Brasil pagaria em impostos sobre lucros um valor três vezes superior ao devido por uma empresa equivalente na Irlanda.
Fonte: Jornal O Girassol